Monday, September 03, 2007

Acho todo esse papo de nova família – monoparental, poliparental, homoafetiva, o que quer que seja – bem chato.
Vi uma propaganda na televisão sobre um programa (mais um) sobre esse tema sempre tão (sono) interessante, e um sujeito deu depoimento, quase histriônico: “Eu tenho duas mães!” (medo, medo, uma cara de pirado que só ele)
Ué, azeite. Que que eu tenho a ver com os problemas dele, e o que o fato dele ter duas ou três mães faz diferença pra alguém? Há necessidade de debater essa besteira no legislativo? Há necessidade da Igreja se posicionar a respeito? Desconfio que não.
Nossos arquétipos, pai e mãe, antecedem a terminologia. Fora os hermafroditas e algumas amebas, talvez, nenhum outro animal se reproduz sem que um bichinho assim cruze com um bichinho assado. Depois resolvemos organizar os que têm seios, são lindos e têm a capacidade de gerar outro da mesma espécie, dentro ou fora do corpo, de fêmeas – e aqueles que não conseguem sair da adolescência e preferem a caça e o exterior à casa, de machos (ui).
Então, desde antes da gente os entender como tal, já haviam um pai e uma mãe, com questões genéticas diversas e complementares, que somadas dão num novo ser.
Daí vieram as religiões, e toda forma de expressão de cultura que situa a família num triângulo composto de pai, mãe e filho. Árvore genealógica, etc. etc.
Não dá pra inventar uma árvore nova, de galhos que não se encontram e não se cruzam – ou não têm qualquer relação consangüínea. A não ser que realmente a gente passe a comprar criança no supermercado, pronta pra nascer, na embalagem tetrapac. Por enquanto, do jeito que está, acho besta a idéia de tentar mudar isso tudo.
Mas dá pra ser feliz sem nada disso, talvez; e é o que nos parece, pelo que se vê. Conheço filhos (adotados) de gays solteiros absolutamente sociais, lado a lado de filhos de famílias absolutamente tradicionais que mal têm condições de se sustentar de tão seqüelados. Há filhos de casais gays tão malucos quanto qualquer outro, essa ciência não é cartesiana – dã, novidade. Mas daí a se atrever a burilar uma nova composição pra família é mais que afrontar um preceito cultural empoeirado, é... burrice pura.
Vamos ser caretas de vez em quando, nem que seja por rebeldia.

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carioca, advogado, solteiro.