Tempos difíceis.
O rabino Henry Sobel foi preso nos Estados Unidos roubando uma gravata, boa, bonita e cara. Não fazendo juízo do rabbi mas, francamente, o que se vê por aí é um misto de, óbvio, aquela velha fome da mídia qualquer-coisa-vale, um pouco de ironia, um pouco de pena, um pouco de escracho, um pouco de CARAS, um pouco de tudo.
O que me causa é o número de atos de solidariedade, várias petições de apoio online e manifestos públicos pró-Sobel. Claro, ele tá internado no Albert Einstein, alegadamente fazendo tratamento pra um distúrbio neurológico. Se eu fosse advogado dele teria aconselhado absolutamente a mesma coisa, mas aí estaríamos diante de um aconselhamento profissional, pra afastar a punibilidade do maluquinho. Ah, perdão. O rabbi rouba a gravata e a gente perdoa porque ele tá confuso, e lincha sem pena o sujeito que rouba no desespero do desemprego e vê a família passando fome. Perdoem, já me perdi no balizamento moral da pós modernidade.
Depois de um início de ano festivo, em que uma das personalidades mais VIP dos camarotes do carnaval do Rio de Janeiro foi o marido de uma atriz de televisão que, enquanto a patroa tava batalhando gravação de novela no nordeste, foi preso porque espancou uma GP num motelzinho poeira, regado a cocaína e quetais.
Vai entender.